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A mulher em ambiente profissional multicultural


As assimetrias sociais e culturais entre homens e mulheres acompanham a história da humanidade e têm sido alvo de pesquisas científicas e de estudos académicos, sobretudo desde a década de 60 do século passado. Estas pesquisas e estudos vão avançando à medida que as mulheres vão caminhando, ainda que lentamente, em direcção aos lugares de topo, em todas as áreas profissionais.


O masculino foi – e provavelmente ainda é em muitas culturas, etnias, religiões, segmentos ou, simplesmente, pessoas –, encarado como “O” centro da produção do saber, e a subalternização social e profissional da mulher continua, ainda, em pleno século XXI, a ser encarada por muitos como “natural” e “normal”.

O género constitui um dos princípios fundamentais da organização social, dado que as relações entre o masculino e o feminino determinam muitíssimo os níveis de vida educacional e profissional. Um olhar mais atento à problemática da mulher em contexto multicultural poderá ajudar a compreender melhor, e de forma mais completa, algumas questões de comunicação, comportamento e imagem.

As expectativas culturais quanto à mulher no mundo dos negócios não podem ser devidamente abordadas se nos limitarmos ao Ocidente: a comparação com outras sociedades, num universo inequivocamente globalizado, é não só fundamental como desejável e, esta visão mais ampla, dá-nos uma maior consciência acerca do papel profissional da mulher em ambientes multiculturais.

Apesar de, felizmente, existirem muitíssimas sociedades onde a mulher é autónoma, tendo acesso ao ensino e à vida profissional, ainda num grande número de países essa realidade não acontece, continuando a haver um fosso entre homens e mulheres em termos de educação, acesso a serviços de saúde, poder económico e, consequentemente, independência, posição no universo profissional e participação na vida cívica e política, especialmente em certos países do Médio Oriente, do Norte de África e do Sul da Ásia, de acordo com dados do Relatório designado “Global Gender Gap”, emitido pelo “World Economic Forum”. Assinale-se que, em termos de índice de desigualdades sociais, os países onde esta situação menos se verifica são os Nórdicos, que estão no topo da classificação positiva: a Islândia, pelo quarto ano consecutivo, ocupa a primeira posição, seguida pela Finlândia em segundo lugar, a Noruega em terceiro e a Suécia em quarto lugar.

Contudo, nos últimos anos, tem-se verificado um assumir de posições de liderança feminina em sectores particularmente duros, como a política e a economia. Enquanto mulheres – a menos que sejamos presidentes de um país ou de uma organização mundial poderosa –, não é raro que nos deparemos com ambientes negociais hostis, por vezes também resultantes de especificidades culturais complexas (não se ignore, por exemplo, as religiões). Não será também raro percebermos que o estabelecimento de relações profissionais de confiança poderá ser um processo mais difícil de alcançar por nós do que pelos nossos colegas do género masculino…

As sociedades mais formais (por exemplo, os países Asiáticos, Árabes e alguns Africanos) estão culturalmente organizadas com base em estatutos e hierarquias, que reflectem diferenças de poder, ao passo que as mais informais (por exemplo, os países Nórdicos, a Austrália, os Estados Unidos) valorizam a igualdade, tornando as diferenças menos notórias. Estas perspectivas frequentemente se traduzem em conflitos comunicacionais que só podem ser evitados se houver, de ambas as partes, não só um conhecimento acerca das especificidades culturais mas também uma capacidade de gerir eficazmente o processo global de comunicação e negociação. Tendencialmente, nas sociedades altamente hierarquizadas, existem segmentos que à partida estão em desvantagem no processo comunicacional: os mais jovens, os de menor estatuto hierárquico e, claro, as mulheres. Refira-se que por exemplo, no Japão, em contexto empresarial as mulheres normalmente são apenas secretárias…

Todos estes aspectos estão, directa ou indirectamente ligados à questão da imagem profissional que deve assentar num pressuposto valiosíssimo – fazer-se respeitar. Conquistar o respeito dos interlocutores masculinos e, consequentemente, ganhar credibilidade, passa não só pelo sólido conhecimento técnico e pela clara e efectiva linguagem verbal mas também, e muito, pela linguagem não-verbal (proxémica, cinésia, presença visual e vestuário).

Existem e continuarão a existir desigualdades, injustiças e desequilíbrios alegadamente resultantes da diferença de géneros. Mesmo mulheres muitíssimo inteligentes e muitíssimo bem preparadas continuam a ser ultrapassadas. Margaret Thatcher, Madeleine Albright ou Hillary Clinton, por exemplo, não chegam para provar igualdade. Acresce que os actuais constrangimentos sociais e económicos vividos em grande parte do globo poderão significar um aditamento de dificuldades… Contudo, também neste aspecto, o futuro não é previsível!

O “preço” que nós, mulheres, temos que pagar é elevado e a luta nas diversas frentes não está concluída. Prosseguir com persistência e um sólido profissionalismo é o único caminho.

Cristina Fernandes
Lisboa, 23 de outubro de 2013





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