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O comércio - O laço que une toda a sociedade


Neste momento de dificuldades que atravessa Portugal, de par com outros países da zona Euro, onde se entendem diferentes vozes, umas para sublinhar a subida do desemprego, verdadeiro veneno para as nações, as famílias e os próprios indivíduos e outras para reclamar facilidades para a criação de empresas, fontes de riqueza das nações, das famílias e de desabrochamento potencial dos indivíduos, convém destacar que as sociedades são construídas sobre a noção da troca de bens e serviços entre os indivíduos.

A troca é a base do comércio, das relações de vida entre grupos de pessoas e das pessoas entre elas. Mas o comércio, mesmo apesar das evoluções que houve no decorrer da última década, não beneficia da mesma boa imagem consensual de que beneficia a indústria. A indústria tem uma imagem de destaque como criadora de riqueza, de grandeza científica, tecnológica e técnica e, o comércio tem uma imagem de atividade menor, ligada à perceção que tinha o povo dos “fala-barato”, dos dadores de palminhas nas costas e da loja da esquina e dos seus atributos populares.

No entanto, esta imagem do comércio - que era merecida – evoluiu; os vendedores tornaram-se comerciais, key account, gestores de contas e, as lojas foram pouco a pouco modernizadas, ampliadas, com recursos a profissionais e ao uso diário de técnicas comerciais e de marketing, de técnicas de organização do espaço de venda, de gestão do linear, do sortido, da relação cliente e, a função venda parece ter começado a adquirir uma imagem mais respeitável. Aliás hoje, em Portugal, existe um conjunto de grupos económicos de peso que pertencem ao setor comercial e, que beneficiam de uma boa perceção por parte do público em geral.

O comércio é um vetor social, indispensável para a vida e para a dinâmica das cidades, dos bairros, das ruas. Uma rua com lojas é uma rua com vida, um lugar com ritmo onde as lojas abrem no início do dia e fecham no fim da tarde, e marcam o tempo quase como um metrónomo. Uma mercearia não é apenas um sítio onde se vendem mercadorias aos fregueses, é também - e se calhar sobretudo - um ponto de encontro social, onde as pessoas se cruzam, se cumprimentam, falam entre elas, vão buscar informação. As lojas são pontos sociais tão importante que quando uma cliente, em busca de uma alma gémea para falar, não encontra ninguém, vai tentando falar com uma empregada. Os bares são também pontos de encontro para os homens, no início do dia antes de começar o dia de trabalho e no fim para fechar o capítulo de vida que representa cada dia que passa. Para alargar a reflexão sobre este ponto, também podemos pensar em todas as empresas, ou órgãos municipais ou entidades do estado que utilizam a força de atração das lojas para difundir informações ao nível da população quando se trata por exemplo de alertar sobre o corte momentâneo do abastecimento de água, a realização de obras públicas …etc. Uma multiplicidade de outros exemplos pode ilustrar o que o comércio traz em termos sociais. Ao contrário, uma rua sem lojas ou com lojas fechadas é uma rua que parece inanimada, morta, e que pode tornar-se um abrigo para atuações ilegais tais como o roubo e o comércio da droga. A dinâmica e a vida das ruas são elementos que contribuem indubitavelmente a repelir os marginais e os delinquentes, que preferem atuar escondidos e longe do olhar alheio.

O comércio é um vetor económico porque ele põe em relação procura e oferta. Uma atividade comercial de bom nível permite a criação de um polo comercial ou seja, o agrupamento de um conjunto de lojas, que juntas criam uma zona de influência alargada e atraem outras empresas ligadas à produção ou aos serviços, e sem dúvida nenhuma, “in fine”, isso cria uma vida social e, ao nível local, um bem-estar para a população e um crescimento para a atividade económica em geral. Além disso, uma zona à partida baseada no desenvolvimento de empresas de produção fica mas forte e, aumenta o seu impacto quando uma atividade comercial se acrescenta. A atividade industrial e a atividade comercial são complementares e uma é regularmente anunciadora do desenvolvimento da outra. Onde há pessoas que se juntam para viver há a necessidade da troca e, quanto mais o grupo aumentar, mais a troca se desenvolve e mais a zona se fortalece em termos de nível de atividade. O comércio permite a circulação de bens, de serviços e de dinheiro, elemento indispensável da troca nas nossas sociedades desenvolvidas.

O comércio é um vetor de desenvolvimento e de modernidade, porque os comerciantes devem sempre adaptar-se às evoluções que aparecem sob pena de desaparecerem. Aliás podemos constatar que as lojinhas de ontem deixaram lugar a lojas modernas, informatizadas, geridas por gestores que aplicam métodos e técnicas de gestão que acompanham as evoluções que surgem regularmente no mercado, sob o efeito da constante competição com os outros “players”. Em termos de exemplos, podemos constatar a importância dos avanços no domínio do marketing sensorial e da sua aplicação nas lojas, na criação de ambientes que dão relevo às características dos produtos, e que respondem e satisfazem as expectativas subjetivas dos consumidores e são propícios à venda; o uso das tecnologias informáticas no processo da gestão das compras, da gestão das vendas, da gestão da relação com os clientes…etc.
O comércio une toda a sociedade e funciona como catalisador dos seus diferentes componentes, fundando as bases de uma sociedade serena e contribuindo para o bem-estar geral. Neste momento de grandes agitações económico-financeiras, precisamos de garantir o aumento da troca entre as pessoas e entre as empresas, troca benéfica para as pessoas, para as empresas, para toda a comunidade. Para os líderes políticos nacionais e locais que têm como tarefa principal o bem-estar dos seus cidadãos, atuar no sentido de dinamizar o comércio seria uma forma de garantir a VIDA, o desenvolvimento nos territórios que eles têm sob a sua responsabilidade. O comércio é um valor seguro, porque deu provas disso ao longo da história da bacia mediterrânea, para assegurar a dinâmica das sociedades, o seu equilíbrio, o seu crescimento e a sua felicidade.

"A loja da minha rua"

RB
19 de Junho de 2012

 





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