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Inclusão Digital das Pequenas e Médias Empresas em Portugal: As Novas Tendências no Comércio a Retalho

 

 

No início de 2022, o CECOA iniciou mais um projeto no âmbito das suas atividades de cooperação transnacional, desta feita, um projeto na área da inovação digital, dedicado em particular ao comércio retalhista, um sector que está na génese da criação do CECOA enquanto operador de formação. Trata-se do projeto RetRail – Novas Tendências no Comércio a Retalho, coordenado por Espanha, com parceiros de Portugal (CECOA), da Grécia, do Chipre, da Eslovénia, da Roménia e da Bulgária. O RetRail é financiado pelo Erasmus + ao longo de 24 meses, terminando em janeiro de 2024.

O RetRail pretende contribuir para a introdução das Pequenas e Médias Empresas (PME) retalhistas em Portugal, em parceria com as suas congéneres europeias nos países parceiros, no mundo da inovação digital, de forma a torná-las mais competitivas face ao mercado local e global. O comércio está em transformação - da era analógica para a digital -, procurando ir ao encontro das necessidades d@ cliente, permitindo-lhe @ acesso num clique.

 

As PME em Portugal: do comércio local ao global

 

Segundo o Banco de Investimento Europeu (2019), as PME dominam a economia portuguesa, nomeadamente nos setores da produção, comércio grossista e a retalho, representando 78% do total do mercado face a 67% no espaço da União Europeia (UE)[i].

 

Historicamente, as empresas portuguesas têm registado níveis de produtividade mais baixos (medidos pelo valor acrescentado bruto [VAB] por empregado), níveis de investimento (nomeadamente em inovação), e níveis de endividamento mais elevados do que os dos seus pares europeus. Tal como em outros mercados, as PME portuguesas dependem largamente do endividamento bancário dado o seu acesso limitado aos mercados de capitais e à existência de poucas alternativas (…), bem como a preferência histórica das PME portuguesas pelo financiamento através de empréstimos[ii].

 

Com a pandemia, Portugal assistiu a mudanças neste setor, passando os portugueses e residentes no país a comprar online, estimando-se que cerca de 51% dos internautas tendencialmente comprarão online três a cinco vezes mais em média por mês. Além disso, cerca de 60% dos consumidores online passaram a comprar mais nos sites portugueses quando comparado com outros sites de outros países. Em 2020, estimava-se que a receita rondaria os 8 mil milhões de euros no comércio eletrónico (ACEPI e IDC, 2020)[iii], apontando-se para 2022 “um crescimento de 4 pontos percentuais”, estimando-se “que em 2026 mais de 70 por cento dos portugueses faça compras online”[iv]. Nesse sentido, e de acordo com os dados de 2022, “as empresas estão a investir em tecnologias para apoiar o cliente e melhorar a sustentabilidade”, tendo como prioridades sete áreas, conforme ilustrado abaixo.

 

Figura 1: As sete áreas prioritárias do investimento tecnológico nas empresas portuguesas (IDC, 2022)[v]

 

Destaque-se que mais de “70% das empresas consideram a transformação digital como tática e de curto prazo”[vi].

O retrato do consumidor digital em Portugal, em todos os distritos do país, é definido pelas seguintes tendências:

  • 13% dos residentes em Portugal fizeram compras online mais de cinco vezes nos últimos três meses
  • Comprou-se mais a nível de “roupa, calçado e acessórios”
  • Aumentou significativamente a entrega ao domicílio devido à “facilidade de compra e a flexibilidade de horários”
  • 65% dos compradores gastaram até 300€ online, tendo em conta os últimos 3 meses[vii].

 

A economia digital é hoje um dos setores chave na área dos negócios, ocorrendo as trocas num espaço aberto, sem fronteiras, inclusivo, onde o acesso é democrático, permitindo que as PME locais atinjam clientes em qualquer parte do mundo. No entanto, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE, 2021), para se compreenderem as práticas de utilização de plataformas online no comércio retalhista a nível local e global, com particular enfoque nas PME, é necessário recolher mais dados que possam ser comparáveis entre países, de forma a descrever tendências macro e micro neste domínio[viii].

 

Práticas digitais no comércio: uma perspetiva transnacional

 

O CECOA, em colaboração com os seus parceiros europeus, agrupou as novas tendências do comércio retalhista na área da inovação digital, identificando dez práticas digitais que refletem a realidade a nível mundial, conforme ilustrado abaixo. 

 

Figura 2: As novas tendências do comércio retalhista na área da inovação digital – RetRail

 

Em Portugal, o CECOA identificou cinco boas práticas a nível nacional e internacional na área do comércio social, marketing de influência e experiências do cliente no ponto de venda. Uma das boas práticas que se destaca é, por exemplo, o uso de ferramentas tecnológicas interativas, em que o cliente faz compras no local e interage em simultâneo com as plataformas e/ou redes sociais, comentando, difundindo ou experimentando os produtos com recurso a serviços virtuais disponibilizados nas lojas. Um dos exemplos é o smart mirror ou espelho inteligente, em que @s clientes podem experimentar na loja roupas ou maquilhagem, recorrendo a ferramentas virtuais, que lhe permitem aceder a um provador virtual.

O CECOA, em conjunto com os seus parceiros de projeto, irá testar em 2023 dois cursos de e-learning dirigidos aos trabalhadores das PME, bem como a formadores do sistema de EFP, de forma a contribuir para a aquisição de conhecimentos e práticas no domínio da inovação digital aplicada às necessidades do retalho. Em novembro deste ano, os empresários e gestores de PME portuguesas avaliaram as temáticas em foco nos cursos de e-learning, tendo concluído que:

  • “as novas tecnologias são essenciais para manter o comércio no futuro”
  • “o comércio online cada vez tem mais procura e a entrega do produto no dia que encomenda começa a ser um desafio”.

O RetRail irá continuar até 2024, estando previsto alcançar os seguintes produtos/resultados:

  • Os empresários, gestores e formadores das PME na área do retalho ficarão a par das inovações digitais mais importantes do setor, de forma a poderem implementá-las nos seus negócios;
  • Os trabalhadores das PME retalhistas terão acesso a ferramentas e métodos sobre inovação digital, quer online quer no local de trabalho;
  • Os professores/formadores e instituições de EFP terão à sua disposição um currículo inovador, desenhado de raiz, tratando-se de um modelo híbrido, que irá permitir aos participantes adquirirem as competências digitais que o setor procura;
  • A aquisição de conhecimento na área da inovação digital permitirá às PME retalhistas uma forma de contornar os efeitos da pandemia, mantendo e/ou recuperando performance e vendas;
  • Aumento das competências digitais das PME;
  • Os clientes terão uma melhor experiência de compra on-line e off-line.

 

 

Se quer conhecer melhor este e outros projetos de cooperação transnacional do CECOA veja a secção dedicada à ID & Inovação do nosso site.

 

UIN

Unidade Inovação e Negócios

CECOA

 

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[i] In https://www.eib.org/attachments/thematic/digitalisation_of_smes_in_portugal_summary_en.pdf

[ii] Ibid, p. 7 (original em português, tradução livre).

[iii] In https://www.jornaldenegocios.pt/negocios-em-rede/e-commerce/detalhe/comercio-eletronico-em-crescendo

[iv] In https://static.computerworld.com.pt/media/2022/10/Estudo-da-Economia-e-da-Sociedade-Digital-2022-ACEPI-IDC-PT-Vers%C3%A3o-Completa.pdf

[v] Ibid, p. 9.

[vi] Ibid.

[vii] Ibid.

[viii] In https://www.oecd-ilibrary.org/sites/1386638a-en/index.html?itemId=/content/component/1386638a-en#section-d1e17221 e https://www.oecd-ilibrary.org/industry-and-services/the-digital-transformation-of-smes_bdb9256a-en





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